Por que entender como calcular a demissão é tão importante?
Pouca gente para para pensar nisso enquanto está empregada, mas saber como calcular a demissão é essencial para qualquer trabalhador. Seja porque está passando por um momento de transição, seja porque quer se planejar melhor, esse conhecimento pode evitar surpresas desagradáveis e ajudar a tomar decisões mais conscientes.
Neste artigo, você vai aprender não apenas os cálculos envolvidos numa demissão, mas também por que esse momento pode ser uma oportunidade — seja para buscar um novo emprego, se especializar ou até empreender. O importante é não ficar parado esperando que as coisas mudem sozinhas.
O que é calcular a demissão?
Calcular a demissão é entender quais são os direitos e deveres do trabalhador no encerramento do contrato de trabalho. Isso inclui valores como saldo de salário, férias vencidas e proporcionais, 13º salário proporcional, aviso prévio (trabalhado ou indenizado) e, em alguns casos, a multa de 40% sobre o FGTS.
Por que isso é relevante?
A falta de conhecimento pode fazer com que o trabalhador aceite valores incorretos ou até perca direitos importantes. Além disso, calcular corretamente a demissão ajuda no planejamento financeiro e profissional.
Principais valores a considerar ao calcular a demissão
1. Saldo de salário
Corresponde aos dias trabalhados no mês da demissão. Exemplo: se a demissão ocorreu no dia 10, o trabalhador tem direito aos 10 dias trabalhados.
2. Férias vencidas e proporcionais
Se o trabalhador ainda não tirou férias referentes ao último período aquisitivo, tem direito a recebê-las com 1/3 adicional. Já as proporcionais são calculadas com base nos meses trabalhados no novo período.
3. 13º salário proporcional
Calculado com base nos meses trabalhados no ano da demissão. Se a demissão foi em julho, o trabalhador tem direito a 7/12 avos do 13º.
4. Aviso prévio
Pode ser trabalhado ou indenizado. Se for indenizado, o valor deve ser pago integralmente. O tempo de aviso também pode ser estendido conforme o tempo de serviço.
5. Multa de 40% do FGTS
Aplica-se somente em demissões sem justa causa. É calculada sobre o total depositado no FGTS durante o período de trabalho.
6. Seguro-desemprego
Se o trabalhador se enquadrar nas exigências legais, poderá solicitar o benefício.
Exemplos práticos de cálculo de demissão
Exemplo 1: Demissão sem justa causa após 1 ano e 4 meses de trabalho
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Salário: R$ 2.500,00
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Saldo de salário: R$ 833,33 (10 dias)
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Férias vencidas: R$ 2.500,00 + 1/3 = R$ 3.333,33
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Férias proporcionais (4/12): R$ 833,33 + 1/3 = R$ 1.111,11
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13º proporcional (4/12): R$ 833,33
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Aviso prévio indenizado: R$ 2.500,00
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Multa de 40% sobre FGTS acumulado: R$ 2.000,00 (exemplo)
Total estimado da rescisão: R$ 10.611,10
Passo a passo para calcular sua demissão corretamente
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Reúna os dados do contrato de trabalho: data de admissão, salário, férias tiradas, depósitos do FGTS, etc.
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Calcule o saldo de salário: divida o salário pelos dias do mês e multiplique pelos dias trabalhados.
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Verifique as férias: veja se há férias vencidas e calcule as proporcionais.
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Calcule o 13º proporcional: divida o salário por 12 e multiplique pelos meses trabalhados.
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Inclua o aviso prévio: veja se será trabalhado ou indenizado.
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Consulte o extrato do FGTS: para calcular a multa de 40%, multiplique o valor total acumulado por 0,4.
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Soma final: some todos os valores e compare com o que foi pago pela empresa.
Erros comuns ao calcular a demissão (e como evitá-los)
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Ignorar as férias proporcionais: mesmo poucos meses contam.
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Esquecer o aviso prévio proporcional: a cada ano trabalhado, o aviso pode ser maior.
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Não conferir os depósitos do FGTS: é direito do trabalhador exigir o extrato atualizado.
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Aceitar rescisão sem cálculo detalhado: não tenha vergonha de pedir explicações ou ajuda.
O que fazer após ser demitido? Dicas práticas
A demissão pode ser dolorosa, mas também um ponto de virada.
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Atualize seu currículo e LinkedIn
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Cadastre-se em sites de vagas e participe de processos seletivos
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Faça cursos rápidos para se atualizar
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Considere abrir um pequeno negócio ou prestar serviços
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Se ainda está empregado, invista em se especializar no seu setor
O mais importante: não espere que as coisas melhorem sozinhas. Tome atitudes. Busque conhecimento, oportunidades e conexões.
Diferença entre pedido de demissão e demissão sem justa causa
Entender o tipo de desligamento faz toda a diferença nos cálculos e direitos:
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Pedido de demissão: o colaborador toma a iniciativa de sair. Nesse caso, perde o direito ao saque do FGTS e ao seguro-desemprego. Ainda pode ter que cumprir aviso prévio ou indenizar a empresa.
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Demissão sem justa causa: parte da empresa, e garante todos os direitos previstos, como saque do FGTS com multa de 40%, aviso prévio indenizado e seguro-desemprego, se cumprir os requisitos.
Saber essa diferença evita expectativas erradas e garante um planejamento mais realista.
Como se preparar financeiramente para uma possível demissão
Mesmo que você esteja empregado, é prudente se preparar para eventuais mudanças:
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Monte uma reserva de emergência com pelo menos 3 a 6 meses de despesas.
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Revise seu orçamento mensal para entender onde pode economizar.
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Invista em capacitação contínua, aumentando sua empregabilidade.
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Tenha fontes de renda alternativas em vista, como freelas ou atividades paralelas.
Antecipar-se é sinal de maturidade profissional e protege sua saúde financeira em momentos de transição.
Conclusão: Calcular a demissão é também calcular os próximos passos
Entender como calcular a demissão não é só uma questão de saber números — é também uma forma de se preparar para o futuro. Ao conhecer seus direitos e planejar com base neles, você ganha mais autonomia, segurança e poder de decisão.
Use esse momento como uma ponte para o que vem depois. Estude, conecte-se, transforme o desafio em recomeço.
Se quiser se aprofundar, veja também nossos conteúdos sobre recolocação profissional, empreendedorismo pós-demissão e cursos gratuitos para trabalhadores em transição de carreira. E lembre-se: conhecimento e atitude andam juntos!